TABAGISMO E OSSEOINTEGRAÇÃO NÃO COMBINAM!
“A taxa de perda óssea marginal ao redor dos implantes é cerca de três vezes maior em indivíduos fumantes”.
Se você é fumante e pretende realizar um implante dentário, entenda os efeitos do tabaco na saúde oral e as consequências que o hábito de fumar poderão causar e levar ao insucesso da cirurgia. O consumo do cigarro compromete a estabilização da saúde bucal e muitos fumantes acabam perdendo dentes por conta dos problemas ocasionados pelas substâncias presentes no cigarro. Ao realizar o implante, portanto, o paciente fumante deve abandonar de vez esse hábito.
Seja normal ou eletrônico, o fumo vai impactar na qualidade da saúde oral de quem tem implante dentário, pois estudos evidenciam o fumo como uma ação negativa de condições sistêmicas e locais, em relação à cicatrização do osso e a conservação do implante dentário. O cigarro acarreta diversas ações negativas na cavidade bucal, sendo os maiores problemas ocasionados a alteração do ambiente oral e tecidos gengivais, peri-implantite (inflamação dos tecidos que circundam o implante), sangramento, além de alterações tanto no metabolismo ósseo quanto na resposta inflamatória e imunológica. O tabaco pode estar relacionado inclusive ao câncer bucal.
Os cigarros eletrônicos estão na moda, principalmente entre os jovens que estão aderindo a essa nova tendência de fumo, acreditando não fazer mal à saúde. A respeito da saúde bucal pode-se dizer que já estão sendo detectados problemas nos dentes dos usuários de cigarro eletrônico. Os corantes contidos em sua química são diferentes daqueles de um cigarro normal, mas isso não quer dizer que sejam melhores. Os efeitos na saúde bucal causados pelo cigarro eletrônico se manifestarão daqui a algumas décadas e por enquanto são imprevisíveis. O cigarro eletrônico também faz mal aos implantes e ao enxerto ósseo, além de provocar manchas, inflamação gengival e pigmentação no tártaro.
O cigarro apresenta milhares de substâncias tóxicas conhecidas, e um grande número de carcinógenos. Além de possuir efeito psicoativo e levar ao vício, o consumo de cigarros afeta a cicatrização e pode colocar em risco o sucesso de procedimentos como enxertos e implantes pela maior chance de infecção e rejeição. Isso se dá pela capacidade que o cigarro possui de provocar alterações no tecido ósseo que circunda o implante – o osso alveolar. Dentre essas alterações, pode-se citar a vasoconstrição, que compreende a diminuição do calibre dos vasos sanguíneos, com consequente redução do fluxo de sangue para a região.
Essa redução limita a chegada de nutrientes para o osso, comprometendo a capacidade de cicatrização, sobretudo após a colocação de um implante, podendo resultar na necrose óssea.
O tabaco é ainda capaz de acelerar a perda de tecido ósseo. Acredita-se que a taxa de perda óssea marginal ao redor dos implantes é cerca de três vezes maior em indivíduos fumantes e que esse grupo apresenta maior incidência de complicações pós-cirúrgicas. Além disso, a inalação da fumaça influencia negativamente a densidade do osso preexistente e a qualidade do novo osso formado ao redor de implantes. Acrescente-se ainda o dano que o tabaco causa ao sistema imunológico, comprometendo os mecanismos de defesa do organismo e o prejuízo na resposta inflamatória, o que afeta diretamente a cicatrização.
Pacientes fumantes costumam ter ainda pior higienização bucal, propiciando o desenvolvimento da peri-implantite. Essa doença resulta em um processo inflamatório destrutivo que afeta tanto o tecido mole quanto o tecido duro ao redor de um implante dentário, levando à perda de osso. Dessa forma, pacientes que receberão implantes devem estar cientes do comprometimento que o fumo gera aos processos biológicos que envolvem a osseointegração e manutenção do implante, bem como dos efeitos adversos que o hábito de fumar causa à saúde em geral. São também observados outros sintomas como: dentes com manchas pela nicotina, deslocamento de dentes em relação à sua posição original, sangue e pus na gengiva, raízes dentárias expostas e dores nos dentes.
Cabe ao cirurgião-dentista orientar o paciente que será submetido ao procedimento cirúrgico para a colocação de implantes, para que abandone o hábito de fumar, evitando complicações e o insucesso do procedimento. Deve mencionar, inclusive, que as substâncias presentes no cigarro podem coibir a ação dos antibióticos que vierem a ser prescritos para o tratamento e dos riscos para a recuperação pós-cirúrgica.