Todas as pessoas têm algum detalhe no rosto, mais discreto ou não, que gostaria de mudar. Podem ser tanto uma característica natural quanto marcas do processo de envelhecimento. De toda forma, essas imperfeições mexem com a autoestima.
O consolo é que a harmonização facial consegue corrigi-las. E o cirurgião-dentista pode fazer harmonização facial, sim! Principalmente porque este profissional estuda a área da cabeça e do pescoço e tem amplos conhecimentos da anatomia e características dessa região, estando apto para nela realizar procedimentos diversos. Mas ele deve ter experiência e especializações na área. Por mais que não sejam invasivos, são procedimentos delicados. O cirurgião-dentista pode ser um super aliado na hora de valorizar a aparência do rosto, corrigindo imperfeições e destacando a beleza com a harmonização facial.
Através de suas resoluções, o Conselho Federal de Odontologia estabeleceu as condições para que o cirurgião-dentista possa atuar como especialista em harmonização orofacial. O profissional deverá fazer um curso de especialização com carga horária mínima de 500 horas, divididas, no mínimo, 400 horas na área de concentração, 50 horas na área conexa e 50 horas para disciplinas obrigatórias.
Mas o que é harmonização facial?
Harmonização facial é um procedimento que envolve o uso de uma ou mais técnicas estéticas para corrigir imperfeições e melhorar características do rosto. O intuito é promover simetria e equilíbrio, para que todo o conjunto da face esteja harmônico. É realizada por meio de procedimentos que minimizam rugas, devolvem o volume da pele, suavizam contornos, tratam a flacidez e assim por diante. Várias partes do rosto podem ser valorizadas com a harmonização facial, como: nariz, sobrancelhas, queixo, mandíbula, bochechas. São técnicas simples, com quase nenhum risco, quando realizadas por profissionais competentes. São procedimentos pouco invasivos, sendo que o paciente quase sempre pode voltar às suas atividades normais no mesmo dia ou no dia seguinte. Alguns resultados podem ser vistos de imediato, logo a seguir à intervenção estética, mas o resultado final ocorre após cerca de 15 a 30 dias. Inicialmente, podem surgir alguns hematomas e inchaço, que são normais e que desaparecem ao longo do tempo.
Algumas das técnicas mais utilizadas para realizar uma harmonização facial são: preenchimento do rosto, aplicação de botox, lifting facial, microagulhamento, peeling, bichectomia e procedimentos dentários.
Preenchimentos:
– Preenchimento facial (para volume e contorno)
– Preenchimento labial (volume no lábio mantendo o formato existente)
– Preenchimento de olheiras
– Preenchimento de malar (maçã do rosto causando um efeito lifting)
– Preenchimento de mandíbula (ângulo)
– Preenchimento de mento (queixo)
– Preenchimento de sulco naso-labial (famoso bigode chinês)
– Preenchimento de linhas de marionete (para sustentar a parte inferior do lábio)
– Preenchimento sulco naso-geniano (para aqueles onde já houve quedas entre os lábios, queixo e bochechas)
Ácido hialurônico
O ácido hialurônico é produzido naturalmente pelo corpo humano. Com o passar do tempo, essa produção se reduz e aparecem os sinais de envelhecimento. Perdem-se coxins gordurosos, colágeno e ocorre a reabsorção óssea; por isso a pele cai com o passar dos anos. Nesses casos, as injeções de ácido hialurônico têm uma boa eficiência. Consiste em um gel translúcido que preenche os locais com perda de gordura e reabsorção óssea, devolvendo à pele a firmeza e o viço.
Toxina botulínica
Atua na paralisia do músculo impedindo o movimento do mesmo, prevenindo as rugas futuras e tratando das existentes, além de prover várias outras soluções, como por exemplo para o sorriso gengival, o bruxismo e apertamento dos dentes, que causam dores de cabeça.
Bioestimuladores: (sculptra, skinbooster, radiesse e ellansé)
Já que a queda da produção de colágeno é um processo natural, a solução é usar os bioestimuladores. Estas substâncias são injetadas em áreas específicas (em diversos pontos do rosto) e estimulam o corpo a produzir colágeno novamente, suavizando os sinais de envelhecimento. Antes de qualquer procedimento em HOF(Harmonização orofacial), deve ser analisada a flacidez cutânea, envelhecimento facial, bem como a qualidade da pele em si. Vale dizer que, em geral, a produção do colágeno começa a diminuir por volta dos 25 anos. Mas no caso de pessoas que fumam, tomam sol sem proteção e têm uma alimentação não balanceada, isso pode acontecer mesmo mais cedo.
Rinomodelação
Essa técnica de harmonização facial melhora o aspecto e os contornos do nariz, sem envolver cirurgia. Na rinomodelação, é possível corrigir características como a ponta voltada para baixo, pela aplicação do ácido hialurônico.
Ultrassom microfocado
Promove efeito lifting utilizando calor para combater a flacidez. As ondas do ultrassom mapeiam a estrutura da pele em camadas profundas, identificando as áreas que precisam ser tratadas. Depois, aquecem o local, estimulando a produção de colágeno.
Lipoaspiração de papada
Não envolve procedimentos invasivos; utiliza uma enzima produzida pelo próprio corpo, o ácido deoxicólico. Ele consegue quebrar moléculas de gordura, e quando injetado na região da papada elimina naturalmente a gordura ali depositada.
Lipoplastia facial: bichectomia
Pequena cirurgia realizada pela parte interna da bochecha, com acesso pela boca; por isso, não deixa cicatrizes. São retiradas as bolas de Bichat, gordura que dá volume para as bochechas, deixando o rosto arredondado. A bichectomia é indicada para quem tem a face muito volumosa e quer definição.
Microagulhamento
Tal como a acupuntura, utiliza agulhas muito finas para fazer microperfurações na pele, de uma forma localizada para que o efeito se dê apenas no local que se deseja tratar. As agulhinhas causam micro lesões onde são inseridas. Com isso, o organismo é estimulado a iniciar um processo de regeneração. São então produzidos colágeno e outras fibras naturais da pele, tratando a flacidez, marcas de envelhecimento e até mesmo cicatrizes, como de acne.
Peeling químico
Estimula a descamação da superfície da pele. Para isso são utilizadas substâncias ácidas que fazem a pele mais velha se soltar, renovando todo o tecido. As linhas de expressão são suavizadas e o tom da face fica mais uniforme, minimizando manchas.
LipLift (cirurgia para correção dos lábios)
Visa ao rejuvenescimento perioral. Indicada para pessoas que possuem a linha do sorriso baixa e que não expõem os dentes ao sorrir.
Fios de sustentação facial PDO, fios silhouette
Eliminam a flacidez e ajudam a combater o envelhecimento, podendo ainda causar um efeito lifting tracionando a pele.
Existem riscos na harmonização facial?
Apesar de na maioria das vezes ser considerada um procedimento seguro, quando não é realizada por um profissional capacitado ou quando a técnica não é realizada corretamente, o procedimento pode estar associado a alguns riscos, como obstrução do fluxo sanguíneo no local e necrose, que corresponde à morte do tecido, além de deformação no rosto.
Ainda no caso do procedimento ser realizado por um profissional não capacitado ou sem as condições adequadas de higiene, há também maior risco de desenvolvimento de infecções, o que pode ser bastante grave. Além disso, como algumas das técnicas realizadas na harmonização facial não possuem efeito duradouro, as pessoas acabam por realizar o procedimento mais de uma vez, o que pode fazer com que o músculo do local fique enfraquecido e a pele fique flácida.
E o que o cirurgião-dentista não pode fazer?
Através da Resolução CFO-230, o Conselho Federal de Odontologia estabeleceu quais procedimentos o cirurgião-dentista não pode realizar na face:
1 – Alectomia;
2 – Blefaroplastia;
3 – Cirurgia de castanhares ou lifting de sobrancelhas;
4 – Otoplastia;
5 – Rinoplastia;
6 – Procedimentos em áreas anatômicas diversas de cabeça e pescoço.
7 – Realização de publicidade e propaganda de procedimentos não odontológicos e alheios à formação superior em Odontologia, a exemplo de: a) Micro pigmentação de sobrancelhas e lábios; b) Maquiagem definitiva; c) Design de sobrancelhas; d) Remoção de tatuagens faciais e de pescoço; e) Rejuvenescimento de colo e mãos; e, f) Tratamento de calvície e outras aplicações capilares;
Ressaltamos que técnicas não reconhecidas pelos Conselhos – tanto o CFO quanto o CFM- são proibidas. São exemplos terapias denominadas de “modulação, reposição, suplementação e/ou fisiologia hormonal”, assim como outras técnicas que não têm comprovação científica, mas que vêm sendo oferecidas por cirurgiões-dentistas e médicos.
A harmonização facial vem crescendo no Brasil. Entre 2014 e 2019, o número de procedimentos subiu de 72 mil para 256 mil ao ano, na contramão da crise, acentuada com a pandemia. Trata-se de uma excelente oportunidade para o cirurgião-dentista se especializar e buscar novos caminhos.
Fontes:
https://www.felipeporto.odo.br/harmonizacao-facial-o-que-o-cirurgiao-dentista-pode-e-nao-pode-fazer/
https://blog.odontoclinic.com.br/estetica/harmonizacao-facial/
https://www.tuasaude.com/harmonizacao-facial/
Jornalista e TPD
saritacoracari@gmail.com