A fase de abertura coronária ganha especial importância na continuidade da terapia endodôntica, por facilitar os demais passos no processo de limpeza e modelagem dos canais.
Uma cavidade de acesso bem realizada vai permitir uma maior iluminação do ambiente de trabalho, favorecendo uma melhor localização das entradas dos canais e consequente acesso direto ao terço cervical do(s) canal(is).
Entretanto, os cuidados na manutenção de tecido hígido, a regularização das paredes axiais da cavidade e, principalmente, nos dentes multirradiculares, o respeito ao formato do assoalho da câmara pulpar, são requisitos fundamentais para a correta realização dessa etapa.
A forma convexa do assoalho da câmara pulpar é de grande ajuda para o clínico no momento de procurar as embocaduras dos canais, pois normalmente estão localizadas no encontro de uma parede axial com o assoalho, de maneira que acompanhar a convexidade do assoalho com um explorador endodôntico é o primeiro passo para encontrar os canais. Uma vez modificado o assoalho pela ação de pontas diamantadas ou brocas, perde-se essa referência.
Ademais, o desgaste do assoalho pode fragilizar o elemento dental e, até mesmo, resultar em uma perfuração, colocando em risco o sucesso do tratamento. As pontas diamantadas ou brocas indicadas para a realização do refinamento das paredes axiais e proteção do assoalho são, em sua maioria, cônicas com ponta inativa.
As brocas de tungstênio têm apresentado melhor desempenho nesse quesito, por sua grande capacidade de corte de tecidos duros – esmalte e dentina. Podem, no entanto, apresentar um diâmetro que contra-indica seu uso em aberturas mais conservadoras. Além disso, um pequeno “degrau” entre o final das lâminas e a ponta inativa pode provocar um desgaste indesejado nas proximidades da embocadura dos canais.
Diante desse quadro, a broca Endo ZK Foi desenvolvida com ligeiras modificações em seu desenho, se comparada a uma broca Endo Z convencional, que lhe asseguram vantagens para o objetivo proposto: regularização das paredes axiais da cavidade de acesso simultaneamente com proteção do assoalho da câmara pulpar.
A Endo ZK é uma broca cônica de tungstênio com seis lâminas e ponta inativa. A principal diferença é a ausência de degrau entre o final das lâminas e a ponta inativa. Em outras palavras, o sulco das lâminas diminuem em direção à ponta até terminarem ligeiramente antes desta. Assim, essa broca não desgasta o assoalho caso o clínico toque verticamente sobre essa parede e, tampouco em lateralidade nas imediações da embocadura do canal, tornando seu uso bastante seguro.
Outra característica é o seu diâmetro, ligeiramente menor, permitindo um preparo mais conservador, principalmente naqueles dentes com coroa mais delicada.